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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Conheça a emocionante história do padre Agostinho Yanes Valer, sacerdote surdo espanhol.

Olá internauta, muito obrigado pelos acessos à nossa página na Internet. Levamos a você tudo o que acontece na Pequena Missão no Brasil e na Itália. Conheça o testemunho deste sacerdote espanhol surdo, que venceu todos os obstáculos e nunca desistiu de responder ao chamado de Deus. Boa Leitura.

Pe. heriberto, de Campinas, SP.

Agostinho Yanes Valer nasceu em Cuba no dia 26 de fevereiro de 1929, filho de pais espanhóis que retornaram a Tenerife (Ilhas Canárias) quando o menino tinha ainda sete meses de vida. Aos cinco anos, teve uma infecção e tornou-se surdo. Aos sete anos, como mandava a lei, ingressou na escola, e o professor sensível a sua surdez, o colocava no primeiro lugar da fila para que pudesse compreender.

Com grande esforço, dedicava horas a fio na leitura de livros que depois apresentava ao professor. Terminou seus estudos e foi trabalhar no comércio de um tio e a noite participava das aulas da faculdade.

A sua família teve vários sacerdotes, e quando Agostinho tinha onze anos, sabendo que seu primo havia entrado no seminário diocesano, também quis entrar, e foi com sua mãe falar com o reitor, que lhe desencorajou pelo fato de ser surdo. Aos 14 anos de idade, Agostinho viu acontecer na cidade de Tenerife às missões populares e novamente sentiu o desejo de tornar-se sacerdote, mas os Jesuítas que pregavam as missões também disseram da impossibilidade pelo fato da surdez. Percorreu várias congregações, mas todas lhe fecharam as portas.

Comprou um livro dos missionários com o título de “o drama de Jesus”, e sua leitura entusiasmou tanto o jovem surdo que o levou a ler o livro dezenas de vezes, a ponto de trocar a capa para que seus irmãos não percebessem que estava lendo sempre o mesmo livro.


Aos 27 anos viajou para Madrid com a intenção de fazer uma cirurgia no ouvido e poder ingressar no seminário, mas a operação foi um fracasso, e no entanto, ali teve a possibilidade de conhecer um colégio para crianças surdas da Ação Católica, algo que desconhecia e se ofereceu para ajudá-los. Inserido neste ambiente e vendo aqueles surdos que eram órfãos, e a necessidade do ensino religioso, sentiu acender no coração o desejo novamente do sacerdócio. Ingressou na faculdade de Belas Artes, onde estudou por seis anos e se formou. Estudou com um grupo de pessoas, dentre os quais estava Kiko Arguello, o que seria o fundador do Neocatecumenato, Maria Dolores Travessedo, que era líder da juventude católica, Ângelo Fanlo, membro da Opus Dei e um jovem sacerdote e com estes companheiros teve o apoio para perseverar na idéia do sacerdócio.

Terminados os estudos de Belas Artes, Agostinho, como membro da Ação Católica de Surdos, foi a Valladolid para dar uma palestra e conheceu o Arcebispo Dom José Garcia Goldáraz, o qual se interessou pelo seu desejo do sacerdócio e se ofereceu a levar ao Vaticano o seu pedido. Conseguiu a autorização, por que concluído o Concílio Vaticano II, a surdez não era mais impedimento ao sacerdócio. Sua alegria foi imensa e voltou a Tenerife para comunicar a sua família.

Com a autorização concedia em Roma, visitou o Seminário de Tenerife, pois tinha a intenção de estudar em sua própria terra, mas suas alegrias se acabaram quando o reitor do seminário lhe disse: “Tudo isso está ótimo, porém a diocese de Tenerife não precisa de você”. Imensamente triste foi conversar com seu pároco, que o conhecia desde pequeno e este lhe incentivou a estudar onde o Bispo o havia recebido de braços abertos. Ingressou então no seminário aos 33 anos de idade e estudou filosofia e teologia, e encontrou um ambiente extremamente acolhedor tanto por parte da Igreja como dos professores que se ofereciam para dar-lhe aulas extras. Augustinho acabou ensinando desenho para os outros seminaristas. Padre Emílio Álvares Deán, pároco da Catedral foi o seu grande protetor. Ordenou-se no dia 30 de abril de 1967 na catedral de Valladolid e celebrou sua primeira missa na Igreja de São Francisco em Madrid junto com centenas de surdos vindos de toda a Espanha, alguns de Portugal e inclusive da América Latina. Tornou-se professor de Educação Especial e trabalhou na escola “La purísima” em Madrid, cuja congregação de irmãs Franciscanas sempre o apoiou e animou.
Visitou por mais de trinta e três vezes países da América Latina e muitos da Europa no trabalho pastoral com as pessoas surdas. Em reconhecimento ao seu trabalho com os surdos, a Universidade de Surdos “Gallaudet” de Washington, lhe concedeu doutorado honoris causa em letras e humanas.
Foi o co-fundador da casa de anciãos surdos “Santa Maria do Silêncio” e a ASPAS (Associação de Padres e Amigos do Surdo) e a revista “Evangelizar” da Pastoral do Surdo e é autor de vários livros na área da Educação Especial e Catequetica. Atualmente é Diretor Honorífico e Emérito da Pastoral do Surdo da Conferência Episcopal Espanhola e reside em Tenerife, na qual está encarregado do atendimento pastoral das pessoas surdas como delegado diocesano.


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